Quando escrevo sinto a vida asfixiando a morte!



Marluce Freire Nascasbez


Charme? Caráter? Fosse o que fosse, ela tinha isso.


Virginia Woolf




quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O varal




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Foto: Marluce Freire Nascasbez

Florbela Espanca em Veredas, por Marluce



Ser poeta



Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!


É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!


É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
é condensar o mundo num só grito!


E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

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Caboclo Sonhador


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Gente de Minha Terra!
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Comunidade Quilombolas/ Lagoa do Caroá Carnaíba-PE









Caboclo Sonhador

Maciel Melo


Sou um caboclo sonhador
Meu senhor, viu?
Não queira mudar meu verso
Se é assim não tem conversa
E meu regresso para o brejo
Diminui a minha reza.
Um coração tão sertanejo
Vejam como anda plangente o meu olhar
Mergulhado nos becos do meu passado
Perdido na imensidão desse lugar
Ao lembrar-me das bravuras de Nenem
Perguntar-me a todo instante por Baía
Mega e Quinha como vão? tá tudo bem?
Meu canto é tanto quanto canta o sabiá
Sou devoto de Padim Ciço Romão
Sou tiete do nosso Rei do Cangaço
E em meu regaço fulminado em pensamentos
Em meu rebento sedento eu quero chegar
Deixem que eu cante cantigas de ninar
Abram alas para um novo cantador
Deixem meu verso passar na avenida
Num forrofiádo tão da bexiga de bom.

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Foto: Elizangela Medeiros

Ai se Sêsse

(Cordel Do Fogo Encantado)
Zé Da Luz




Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse

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domingo, 20 de setembro de 2009

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Clarice Lispector em Veredas, por Marluce

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"Sou o que quero ser,
porque possuo apenas uma vida
e nela só tenho uma chance de fazer o que quero.

Tenho felicidade o bastante para fazê-la doce
dificuldades para fazê-la forte,
Tristeza para fazê-la humana
e esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas,
elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos."



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"Nunca fique implorando por aquilo que você tem o poder de obter."

-- Miguel de Cervantes

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sábado, 19 de setembro de 2009

Quando é preciso florir!

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Num jardim extinto
Decepei os espinhos,
Sangrei as mãos...
Feri-me!
Lambi as feridas...
Acreditei que do ventre roto da terra
Na qual semeei as sementes,
Há de porvir o perfume!
Há de florir o jardim,
Na estação que começa!






Marluce Freire Nascasbez

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O samba




O corpo majestoso e imponente
se lança ao gesto ouvindo tambores.
Almas inquietas se debruçam ao prazer
dos mais diversos movimentos.
A poeira sobe, seminu o corpo marcha
diante do entusiasmo
e o coração explode...



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Higor Assis

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http://entre-atos.blogspot.com/

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Ser poeta

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Ser poeta
É ser qualquer um,



Um que seja

Louco,

Mendigo,

Andarilho,



Mas que seja impossível ser um só...




Marluce Freire Nascasbez



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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Finá de ato

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Adispôs de tanto amor
De tanto cheiro cheiroso
De tanto beijo gostoso, nós briguemos
Foi uma briga fatá; eu disse: cabou-se!
Ele disse; cabou-se!
E nós dois fiquemos mudo, sem vontade de falá.
Xinguemos, sim, nós se xinguemos

Como se pode axingá:

-Ô, mandinga de sapo seco!
_Ô, baba de cururu!
_Tu fica no Norte
Que eu vô pru sul
Não quero te ver nem pintado de carvão
Lá no fundo do quintá
E se eu contigo sonhar
Acordo e rezo o Creio em Deus Pai
Pru modi não me assombrá.
É... o Brasil é muito grande
Bem pode nos separar!

Eu engoli um salucio
Ele, engoliu bem uns quatro.
Larguemo o pé pelo mato
Passou-se tantos tempo
Que nem é bom recordar...

Onti, nós se encontremus
Nenhum tentou disfarçá
Eu parti pra riba dele
Cum fogo aceso nu oiá
Que se num fosse um cabra de osso
Tava aqui dois pedaço.

Foi tanto cheiro cheiroso...
Foi tanto beijo gostoso...
Antonce nós si alembremos
O Brasil... é tão pequeno
Nem pode nos separa!




Texto original de autor desconhecido. Adaptação de Gertrudes da Silva Jimenez Vargas

Como é lindo o amor!

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Nos encontros de amor,
Também se encontram
Os passarinhos!
Tocam os bicos
Em um beijo,
Difundindo o amor...



Marluce Freire Nascasbez




Gute Bertagnoli em Veredas, por Marluce

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sábado, 12 de setembro de 2009

O amor...

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Amar é estar juntos,
É roçar o corpo um no outro,
É desfrutar das delícias de unir-los...
É sentir o pulsar do coração do outro junto ao seu,
Misturar esse pulsar de tal forma,
Que nem se tenha a certeza, a noção,
Que o coração que pulsa dentro do seu peito é o seu...
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Marluce Freire Nascasbez
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Foto: Hugo Macedo em Veredas, por Marluce
Rolinhas do Sertão pernambucano
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terça-feira, 8 de setembro de 2009

O mendigo!?

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O mendigo na calçada
Olha-me com um vago olhar,
Ignorando o meu...

Mas detive-me
A olhá-lo!

Repentinamente ele tira
Dos seus picuás esfarrapados:

Uma lua cheia,

Uma estrela cadente,

Um canto de um pássaro só dele!

Um pôr-do-sol,

Um sol nascente,

E um sol de primavera,


Chuvas e ventos bem vividos...


Ele olhou-me,
Fitou-me os olhos fixamente,
Desdenhou meus picuás ("minhas riquezas"),
Com bastante indiferença...
Assim eu também fiz,
Olhei meus picuás com indiferença ainda maior que a dele!

E mendiguei os picuás dele!

Fui em direção a ele,
E disse-lhe:


_ Dei-me uma esmola pelo amor de Deus!




Marluce Freire Nascasbez
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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O adeus...





O nosso último encontro,
Foi para um desencontro!?
Tão sublime o momento,
Talvez, santo,
Se não fosse o adeus...




Marluce Freire Nascasbez


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http://br.olhares.com/MABA

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O banho da lua...

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A lua toma banho no rio,
Flutua refletida na água fria,
Levitando...
E é carregada pelas águas que levam as pétalas mortas
Das flores de laranjeira,
Que acompanham silenciosas,
Perfumando o banho da lua...



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Marluce Freire Nascasbez
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