Quando escrevo sinto a vida asfixiando a morte!



Marluce Freire Nascasbez


Charme? Caráter? Fosse o que fosse, ela tinha isso.


Virginia Woolf




domingo, 28 de novembro de 2010

Eu também CONTO!

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                                                              Vovó e Dudu


Eu não sei o que acontecera que naquele dia que cheguei em casa num entardecer do mês de abril, o crepúsculo daquele entardecer sombreara o olhar de vovó Lia...

Quando entrei em casa ela me olhou de um jeito que parecia ter me visto a primeira vez! Não sei se ela só me via todos os dias e não me enxergava... Depois ela baixou o olhar igual ao entardecer se fez crepúsculo, anoiteceu...

No outro dia já era maio! Vi vovó debruçada na janela divagando o olhar no orvalho de uma flor em nosso quintal e eu vi o orvalho na face da mais bela flor que já vi em toda minha vida! O orvalho no rosto da flor Lia! E a alvorada já em término, dissipa o orvalho daquelas belas flores e causou-me uma dúvida: qual era a flor? Qual era mesmo a flor em que o orvalho acariciava-lhe a face? Se eu fosse o orvalho com certeza seria a face de vovó Lia a flor acariciada...





                                                         Marluce Freire Nascasbez
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                                                     Já postado no OVERMUNDO
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sábado, 20 de novembro de 2010

Cor

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A cor branca de minha pele


Ontem foi cor negra

Na pele de minha avó!




E nenhuma

Das cores enodoou

A mulher que ela foi,

A mulher quem eu sou!



É graças ao amor

Que desafia preconceito

Que rompe qualquer barreira,

Que se perpetuam as raças!



O amor tudo pode,

E sem pretensão qualquer,

Muda a cor

De quer que seja!



E em cada “unir” que ele faz,

Rompe qualquer força adversa

Que se imponha ao amor!



E ele pinta o preto de branco,

O branco de preto!



E quem se atreve a mudar a cor

Que pinta o amor?




(Tudo o que uma pessoa é (particularmente), atribuo a seu caratér.)

Já postado no OVERMUNDO




Marluce Freire Nascasbez
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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

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Sou assim de poucas cores,

Mas guardo um arco-íris dentro de mim,

Que uso guando eu quero, como trunfo...



É minha parecença com o céu!





Marluce Freire Nascasbez
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Sempre fui muito de flores,

Nem tenho vergonha de ser assim!



Se achares piegas,

O jardim assim o é!




E é melhor do que eu!





Marluce Freire Nascasbez
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domingo, 14 de novembro de 2010

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Ele olha-me como se eu só tivesse olho,
                                                    E sinto-me como se eu só tivesse alma...


                                                 
                                                              Marluce Freire Nascasbez
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Imagem web

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Visito sempre uma rua em que morei há muitos anos!



Ela continua intacta

Na rua que guardei em mim!



Mas joguei fora a saudade que sentia dela,

Pois ela incomoda-me todas as vezes que faço essa visita!



Aperta-me os calos quando eu ando nessa rua

E eu nem se quer piso no chão...





Marluce Freire Nascasbez
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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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Batidas na porta da frente,

Gelei, era ele, fingido de vento...



Não abri,

Mantive a porta fechada!




Deixei o vento soprá-lo!





Marluce Freire Nascasbez
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domingo, 7 de novembro de 2010

A poetisa

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Arquivo pessoal
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Para não envelhecer o âmago,

Eu escrevo, esfolio a alma,

Assim, não envelheço, nem morro,

Vivo de nascenças...



É escrevendo que depuro meu íntimo,

Socorro-me, assim, do que envelheço,

Porque eu nunca avelhento de tudo,

Nem fico mais moça,

Nem perco da alma, nem do corpo, o enlevo,

Protejo-me da ação do tempo,

Eu escrevo! E enterneço o meu espírito dolente,

O qual é o norte da minha existência,

E liberto-o da prisão do tempo que cumpro em domicílio...




Escrevendo,



Assim, não envelheço, nem morro,

Vivo de nascenças...

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Marluce Freire Nascasbez

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sábado, 6 de novembro de 2010

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Lambech
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Quando escrevo,

Eu rezo!



Nas palavras terço uma oração

E Deus ouve-me,

Sabe que eu

Comungo de Sua palavra

Quando escrevo!





Marluce Freire Nascasbez


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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

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Serei para sempre aquela menina condoída com as dores do Patinho Feio,

Que vibrava ao vê-lo descobrir-se um belo cisne!



(Em muitas vezes que lesse a história!)


Marluce Freire Nascasbez
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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Aos que continuam vivendo em nossas vidas, mas que a matéria não ocupa o mesmo espaço físico que nós...

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Imagem google

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Quanto sentimento

E nem um para elucidar

Como nos sentimos quando alguém “parte de nós”

E nos deixam em pedaços, sem conseguir refazer sua presença...



Buscamos explicações para justificar o sentimento de ausência,

Mas não a encontramos,

Ficou um vazio!

Esse vazio que ficou desse alguém

É preenchido por um sentimento

Que se sente e não se sabe dar nome...

Dizemos: perdemos, partiu...

Mas nunca se perde alguém que partiu!

Que partiu?

Eles nunca partem, não é mesmo?





Morrer?

Morrer não é assim

Quando se vive,

Quando se ressurge

Em misteriosas ocasiões,

Que te fazem tão presente

Em uma fisionomia tão irmã “à tua”



E não é nada de ti!?...



Deve ser assim que fala o espírito,

Eu estou aqui!

E para não nos assustarmos

Revestes-te de um manto enigmático

Que os pobres olhos humanos

Não conseguem sondar o que está por trás

De cada susto que temos

Em muitas vezes em encontrar-te





Em um gesto,

Em um sorriso,

Em uma birra,

Em um aceno,

Em um olhar,



Que de ti faz lembrar...





Quanto mistério!

Tanto segredo!

Que faz que estejamos tão juntos,

E tão separados!?...



As coisas que possuías

Muito mais te possuem!

Vives em cada pedacinho das coisas que te pertenciam,

Parece que delas mimam um pouco de ti...

E ressurgis em tanta coisa!



Na decência,

Na firmeza,

No espírito de luta,

Na força,

Na música,

Na solidão,

No silêncio

Onde ficaste impregnado...



E estás na beleza ímpar

Que Deus criou,

No perfume de uma flor!



E por mais inatingível

Que seja a explicação

E conclusão

Do que existe

Entre o viver e o morrer

A semente talvez seja uma explicação sutil da vida, viver, morrer!





Marluce Freire Nascasbez